domingo, maio 28, 2006



RELACIONAMENTOS VIRTUAIS

Texto: Valéria Lemos Palazzo Psicóloga


Atualmente são muitos os que vivem este tipo de relacionamento. Numa primeira fase o relacionamento é "vivido" apenas dentro da cabeça de cada um. Não se medem bem as conseqüências das palavras que se escrevem, chegando mesmo a serem "ateadas" paixões com conseqüências imprevisíveis. Podemos até evocar uma frase dita por um personagem do “Carteiro” de Pablo Neruda, a qual era mais ou menos assim: ”Ele (o carteiro) 'tocou' na minha sobrinha com as palavras, ela está como uma tocha, e eu teria preferido mil vezes que um bêbado do bar lhe tivesse apalpado". Claro que as palavras têm poder. Elas fascinam, envolvem e seduzem. Porem estes relacionamentos podem ser comparados à leitura de um livro. As palavras, as frases, estão ali. Porem o tom como são ditas a expressão facial e corporal dos personagens que as dizem, o tom de voz, o cheiro. Tudo isso é imaginado e idealizado por cada leitor. Daí a idéia, reforçada por muitos, de que ver um filme, mesmo fiel à obra escrita. Nunca será comparável a leitura do livro. Por isso de alguma forma, ver um filme, após ler um livro, sempre acabará nos decepcionado. Daí a necessidade da dificuldade. È bom, se não recomendável, que meu objeto de desejo, tenha algum impedimento: a distancia, o seu estado civil, a duvida... Tudo isso serve para que me apaixone mais, me atrai mais. Talvez tenhamos esquecido cedo demais as palavras de Camões que já conhecia o poder delas ou não tivesse ele dito que "as palavras ferem como punhais", no entanto por muito eruditos que sejamos, todos nós (ou uma grande maioria), mantem uma certa ingenuidade. Porque o mundo anda tão individualista, que queremos tanto conhecer, nos relacionar com pessoas que “valham a pena” que nos deixamos “iludir” e fascinar. Antigamente alimentavam-se paixões à distância pelas cartas e pelos poemas e quem não recorda Cirano de Bergerac o feio-bonito que se fez amar pela palavra. Talvez as comunidades virtuais onde tudo é perfeito, (como na Ilha onde Ulisses aportou) tenham dificuldade na adaptação a uma vida na comunidade real (na comunidade das contas por pagar, dos filhos para aturar, do trabalho por realizar, do ser avaliado permanentemente por tudo e todos.). Julgo que os relacionamentos iniciados através da net e transpostos para a vida real deixam de ser virtuais e passando a ser reais, muitas vezes acabam nos decepcionado. Pelo que não se pode dizer que estas comunidades virtuais estejam cada vez mais reais, pois trocam um "estado" ou "situação" por outro. Reais serão talvez as conseqüências que provocam. Se eu me apaixonar por um correspondente da net (antigamente, no tempo da guerra colonial. Era freqüente uma “madrinha de guerra”, as mulheres que apesar de comprometidas com outros, escreviam cartas de apoio, se apaixonarem pelo seu “afilhado”) eu posso alterar a minha vida real por causa de uma situação virtual. Concluindo: A comunidade virtual torna-se real nas conseqüências que pode provocar.

2 comentários:

durandal disse...

Valeria,

Lo que dices es cierto. Las personas a veces tienen esa necesidad de lo lírico, acotado e ideal, y las relaciones a distancia, vía msn o email son una extensión natural de una necesidad que la gente siempre tuvo.

Saludos,

d.

Anônimo disse...

Looks nice! Awesome content. Good job guys.
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