quinta-feira, novembro 02, 2006

RESPEITO X LEI DE GÉRSON




Entristece saber que o Brasil vive sobre a lei de Gérson, formulada nos anos 70 quando o protagonista de um comercial de cigarros, o tal Gérson, jogador de futebol, bradava em alto e bom som: "Você gosta de levar vantagem em tudo. Certo ?" Virou bordão. Frequentemente usado no sentido negativo para nomear alguém que aproveita-se de todas as situações em benefício próprio, sem importar-se com a ética e a moral.
Infelizmente nossos políticos não costumam seguir leis, apenas as que os convêm, na dobradinha política do governar/usurpar. Mas essa lei parece expandir-se alem do território político, contaminando muitos comportamentos humanos cotidianos. Não só o político, mas também o cidadão comum se vale dela. Tal lei em tempos politicamente corretos, segue acompanhada de justificativa, se "aprimorou" e já vem com defesa própria, o conceito jurídico de dolo: Não existem culpados já que a intenção nunca é causar alguma espécie de dolo (mal) ao outro. Se não tive intenção não tenho culpa (isso me lembra a frase: se não lembro não aconteceu...). A conclusão é: Os indivíduos em questão nunca querem prejudicar o outro, apenas beneficiar-se...
Faz sentido entender porque a hipocrisia domina.
Como vivemos em sociedade e o mundo parece cada vez menor tanto pelo aumento da população quanto pela própria internet que aproxima rapidamente pessoas que talvez nunca se encontrariam na vida "real". Fica fácil nos esbarrarmos, e mais fácil ainda ultrapassar a linha tênue que existe entre meu beneficio e o seu prejuízo.
Acredito sinceramente que muitos comportamentos que causam dolo a terceiros, não foram motivados por um desejo efetivo de causar mal, mas não existia um efeito de previsibilidade do resultado ?
Será que vale a lei da ocasião faz o ladrão ? Não acredito que a situação faça o ladrão, apenas faz com que ele se manifeste.
Não o constrói, apenas o revela.
Tanto o político que "desvia" para si recursos financeiros destinado ao setor da saúde, quanto o "cidadão comum", homem ou mulher que se vale do afeto e do gostar do outro, para usa-lo como um objeto descartável, tem consciência do que estão fazendo.
E o pior, aceitam faze-lo mesmo assim...
Em tempos de eleição colocamos nossa lente de aumento no comportamento dos políticos "Gérsons", mas dada a distancia que geralmente mantemos do nos mesmos esquecemos de virar essa mesma lente em nossa própria direção, para honestamente observarmos o quanto e em que circunstancias não somos nós mesmos os próprios "Gérsons"...
Texto: Valéria Lemos Palazzo

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, Valéria, e por falar em lei de Gérson (que por sinal fumava à beça) me veio à lembrança um outro episódio, também ligado ao fatual mundano, porém desta feita ligado a uma certa Paris (não a poluída capital que todos conhecemos), e que aconteceu a poucos meses atrás.

O Sr. Elliot Mintz, responsável pela assessoria de imprensa da atriz-cantora-manequim-bilionária Paris Hilton, em resposta ao vídeo em que a bela Paris aparece fumando o que parece ser um "baseado" (cigarro de maconha para quem jamais ouviu falar deste termo) em um clube de Los Angeles, declarou: "Eu gostaria de deixar algo claro a todos vocês. Paris Hilton tem o hábito de enrolar os seus próprios cigarros de tabaco. As coisas nem sempre são o que elas parecem ser. Foi apenas tabaco o que vocês viram."

Certo, e fumar crack é fumar um jogador de futebol cheio de talento. Honestamente, se eu fosse o senhor Mintz eu teria muito polidamente escrito a seguinte carta a todo o "staff" da senhorita Hilton:

"Querida Paris,
no momento eu estou demissionando da minha posição de seu assessor de imprensa. A despeito dos meus mais veementes esforços no sentido contrário, você deixou claro o seu total desinteresse em se conduzir de maneira condizente ao seu status de vida. Não é que você se deixe consumir por hábito auto-destrutivos, afinal isso não deixa de ser esperado de alguém a quem os pais deram tudo menos amor e dedicação. No entanto, é mais pela sua falta de consideração à minha posição e à minha suposta habilidade em inventar desculpas patéticas e enigmas cheios de alusões na tentativa de explicar as derrapagens do seu comportamento. Eu sou um assessor de imprensa, não um mágico. Nenhuma soma de dinheiro do mundo pode torná-la melhor do que você é, o que na expressão vernacular do dia é algo próximo do que se poderia chamar de uma "galinha".

Passe bem. Espero que algum dia você possa finalmente descobrir a dignidade e destacar-se deste mal-cheiroso e embaraçante sistema de vida no qual você decidiu se pendurar."

Tudo numa boa. E sem nenhuma ofensa, é claro.

Anônimo disse...

...e qual a diferença entre fumar tabaco e fumar outra erva ?....daniel ou valéria poderiam me explicar?....