quinta-feira, junho 01, 2006

MEDO



O MEDO

Texto: Valéria Lemos Palazzo


A vida “É”, conforme se “vê”. William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”.
As situações, as pessoas, e as palavras, não “São”. Ao contrário, dependem de quem as vê. Dependem de você.
Ao olhar com medo, olhos medrosos “seguram”, porque são resistentes, eles inibem. Assim como uma cãibra, paralisam nossos gestos e sobrepõem nossas atitudes. Aumentam nossas inseguranças.
O medo é uma idéia “negativa” “alimentamos” como se fosse algo que prevenisse que o “pior” aconteça.
Medo não é precaução. Precaução é ter cuidados.
Olhos precavidos se “movimentam”. Tem “cuidado”, mas seguem em frente. Olhos de medo não. Eles seguram e reprimem, fazem com que fiquemos parados, paralisados.
Olhos de medo nos transformam em presidiários da insegurança, andando por toda a parte acorrentados, atados aos limites que eles nos impõem. Olhos seguros nos deixam livres, para passear sobre as coisas e as pessoas, nos integram a vida, e nos dão prazer.

Sempre ajustamos nossas ações e atitudes baseados naquilo que enxergamos. Sem atitudes a vida não “caminha”. Atitudes não existem no medo; por isso ele é cruel.
Um pássaro, que por medo dos predadores, se recusasse a sair do ninho, já se teria perdido no próprio ato de fugir. Porque o medo lhe teria roubado aquilo que de mais precioso existe na vida de um pássaro: a capacidade de voar.

Você diz que não tem medo, mas sim preocupação. Mas toda preocupação é um olhar medroso “disfarçado”. Porque ter cautela é uma coisa; a cautela é baseada em situações reais que vivemos no passado. Se você passou por alguma situação desagradável, na próxima vez, terá mais cuidados, que são a cautela. Mas medo não é cautela.
Teu medo não te protege de nada.
A gente fala: “ver para crer”. É verdade, os olhos confiantes são aqueles que se baseiam apenas no real. Não sofrem por antecipação.
Olhos medrosos acreditam sem ver, basta a idéia do que pode “vir a” acontecer para fazer com que você acione as suas defesas e se segure. Você fica até com raiva, não se conforma, mas não adianta; porque só um seu “lado quer”, o da vontade, do desejo. O outro, do medo, não.
O seu lado que “quer”, não consegue avançar sozinho, porque o outro, quer defender de algo, que para você é terrível. O que está “por trás” daquilo que você teme, o “terrível”, te segura.
Muitas vezes existe o medo do desconhecido e da mudança.
Mesmo o teu medo de “mudanças” não garante que tudo ficará como está. Tudo no mundo está, e sempre estará se transformando: Basta observar um grupo de amigos: Aquele amará aquela, aqueles se separarão, uns irão para longe, outros irão morrer de repente, uns vão ficar inimigos. Um trairá, outro fracassará. E de outro ninguém mais ouvirá falar...
Tudo se movimentando, mesmo que você tenha a ilusão de garantir que tudo fique como está, segurando-se no seu próprio olhar de medo.

Para vencer os medos tem que se “ir atrás deles”. Ficar ao nosso favor, não deixando os medos, nem as idéias catastróficas nos segurarem. Quando nos “garantimos” através da confiança, “vamos”...
No pior garantimos que nos daremos o melhor? Se é que esse “pior” acontecerá...
Se acontecer o que você teme,quando resolver “seguir em frente”, se os seus “medos” se realizarem, você “se apoiará”?
O que você fará por si?
Se “jogará” num canto, cairá em depressão, reclamará, sentirá raiva da vida e dos outros, ou pena de si mesmo?
Ou se garantirá, e se “levantará”. Assumindo o que deu “errado”, começando de novo, e fazendo o melhor por si?
Essa atitude faz toda a diferença, porque é ela que “dá a segurança”, a certeza que você pode “seguir em frente”. Não sem medo, mas apesar dele.
Pense em tudo na sua vida que poderia ter sido e não é por causa do seu medo?
Você já pensou que ele pode ser aquilo que te separa daquilo que você mais deseja?
Será que você olha o mundo, olha as coisas e não faz nada?
Como observou Rubem Alves:
“Quem, por medo do terrível, prefere o caminho prudente de fugir do risco, já nesse ato estará morto. Porque o medo lhe terá roubado aquilo que de mais precioso existe na vida humana: a capacidade de se arriscar para viver o que se ama”.



Um comentário:

Anônimo disse...

Nice idea with this site its better than most of the rubbish I come across.
»